sexta-feira, 22 de abril de 2011

Introdução: Pedras de Calcutá

O autor


"Caio Fernando Abreu nasceu em 1948 em Santiago do Boqueirão, no Rio Grande do Sul, e morreu em 1996 em Porto Alegre. Tem doze livros publicados no Brasil, entre eles Morangos mofados (1982), Onde andará Dulce Veiga? (1990), Dragões não conhecem o paraíso (1991) e Estranhos estrangeiros (1996), publicados pela Companhia das Letras. Vários de seus livros têm traduções na França, Inglaterra, Alemanha e Holanda. Em 1994 seu romance Onde andará Dulce Veiga? foi um dos seis finalistas do prêmio Laura Battaglion para o melhor romance estrangeiro na França." (ABREU, 1996).


A obra


"Em 1977, o escritor e dramaturgo gaúcho Caio Fernando Abreu, então com 28 anos, organizava sua terceira coletânea de contos, Pedras de Calcutá. O livro assinalava a conclusão de uma trajetória pessoal de independência em relação ao estado natal (Caio ampliara sua carreira jornalística para São Paulo e Rio de Janeiro), ao país (vinha de um período de três anos de auto-exílio em Londres, Estocolmo e Amsterdã), e afirmação de liberdade pessoal e não submissão ao arbítrio do regime militar. Com tudo isso, tratava-se de uma obra extremamente representativa do que se passara com muitos jovens do mundo todo.

Dividindo o volume em dois ciclos, os contos 'Mergulho I' e 'Mergulho II' assinalam os temas dominantes. De um lado, a vivência quase alucinatória da própria experiência física, objeto de narrativas atormentadas em que o corpo dos personagens suporta o drama de suas vidas. De outro, os indivíduos em busca de fatos capazes de oferecer um desfecho para situações tão insuportavelmente em suspenso que toda possibilidade de solução representa ansiedade, tensão e expectativa quase desesperadora. De cada ação se deseja extirpar uma dimensão anterior e conflituosa: da morte, a sua espera (como em 'O inimigo secreto'), da decisão, o imobilismo que a antecede ('Divagações de uma marquesa'), do amor, a hesitação ('Aconteceu na praça XV' e 'Joãozinho e Mariazinha').

Os contos resultantes exprimem o horror que pode existir entre pessoas que se descobrem perseguidas não tanto por uma ditadura, como por si mesmas. 'Pedras de Calcutá é, na sua quase totalidade, um livro de horror' - definiu Caio Fernando Abreu. 'Principalmente (mas não unicamente) da minha geração.'" (ABREU, 1996).


ABREU, C. F. Pedras de Calcutá. 1. ed. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1996.

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